No Japão, brasileiros reforçam time de Oliver Tsubasa na vida real

Por Alex Kinjo em 09-07-2017   Esporte


TopBR.JP – Desde a década de 80, um mangá (história em quadrinhos) e animê (desenho animado) inspiram gerações na paixão pelo futebol. A trajetória do grupo de adolescentes japoneses que deixaram o arquipélago para ganhar experiência nas potências do futebol mundial e retornaram ao Japão adultos para formar uma seleção nacional competitiva cativou o mundo.

Lionel Messi, Xavi Hernandez, Andrés Iniesta, Zinedine Zidane são alguns dos fãs assumidos de Captain Tsubasa. Já Fernando Torres e Sergio Aguero afirmaram que Oliver Tsubasa (Oozora Tsubasa no original) teve papel decisivo em suas carreiras. O atacante do Atletico de Madrid se tornou jogador por ter o personagem japonês como ídolo na infância enquanto o argentino do Manchester City usa até hoje nas partidas mais importantes sua caneleira da sorte com a estampa do artilheiro nipônico.

Depois de vencer o campeonato nacional infantil, Tsubasa foi ao Brasil, se profissionalizou no São Paulo, se transferiu para o Barcelona e ajudou o Japão a conquistar o título mundial de juniores.

O que pouca gente sabe é que o Nankatsu, time colegial que revelou Oliver, o goleiro Benji Wakabayashi, os defensores Ishizaki e Nakayama, o atacante Kisugi entre tantos outros personagens da série realmente existe. Com sede no bairro de Katsushika, onde o criador do mangá, Yoichi Takahashi, nasceu, o Nankatsu SC disputa a segunda divisão da liga provincial de Tokyo e sonha em alcançar a J.League.

Em março, o clube contratou dois brasileiros para fortalecer o elenco. O paraibano Léozinho (ex-Ituano-SP, Betim-MG, Rio Branco-ES, Clube Atlético Itapemirim-ES) e o baiano Deivisson (ex-Cruzeiro-MG, BK Hacken-SUE, Vila Nova-MG, Tupi-MG, e Clube Atlético Itapemiri-ES) chegaram com a missão de ajudar o time a subir para a primeira divisão da liga da capital japonesa. Eles vieram emprestados do Sagamihara SC, de Kanagawa, por um ano.

                      

Os dois revelaram que ficaram assustados com a transferência. Ambos se profissionalizaram com 16 anos e tendo os “Supercampeões” (nome da série no Brasil) como um de seus desenhos animados prediletos. Familiares e amigos também ficaram impressionados com a surpresa que o destino preparou para eles. Passado o susto inicial, a dupla colocou os pés no chão e prometeu humildade, esforço, dedicação e força de vontade, atributos ensinados pela série, para ajudar o clube dos ídolos de infância a ser promovido.

Léozinho conta como foi a adaptação. “O futebol daqui é veloz. A transição da defesa para o ataque é muito rápida. No Brasil, é mais cadenciado. Mas, me adaptei bem. O clube é muito organizado e a estrutura é ótima”, relata o atacante que já marcou cinco gols. O zagueiro Deivisson ocupa o posto de xerife da zaga e também se diz muito grato com a oportunidade de ser um dos primeiros brasileiros a defender o Nankatsu. “Hoje, estamos em primeiro lugar de nossa chave com o melhor ataque e a melhor defesa”, diz orgulhoso.

MOMENTOS MARCANTES

Perguntados sobre quais momentos do desenho mais marcaram suas infâncias, Léozinho lembra do meia Misugi, que com um problema no coração arriscava a própria vida para ajudar os amigos a conquistar a vitória. “Foi emocionante. Muita gente chorou no Brasil. O desenho representava o que o futebol tem de melhor, amizade, superação, etc”. Para Deivisson, os chutes com efeitos eram outro grande atrativo. “Tinha o chute duplo, chute do dragão, várias técnicas especiais que, se tivermos chances, não abriremos mão de executá-las aqui no Japão. Faremos tudo para a ajudar o Nankatsu”, brinca o defensor que tem três gols na temporada.

Um dos momentos especiais para os dois no clube foi o primeiro encontro com o autor da série, Yoichi Takahashi, de quem os brasileiros se tornaram amigos. “Ele nos levou para praticar um golfe jogado com os pés. Uma pessoa muito humilde e respeitosa”, disse Léozinho. Famoso mundialmente, o mangaká produz caricaturas dos craques que visitam o Japão. Dos brasileiros, Kaká e Neymar tiveram esse privilégio. A dupla do Nankatsu, porém, ainda não teve coragem de fazer o pedido ao artista. Mais que isso, eles sonham com o acesso e dar o título ao time.

Daqui pra frente, os apreciadores do mangá e do animê não deverão estranhar caso verem um paraibano e um baiano ao lado de Morisaki, Kishida, Nishio, Takasugi, Urabe, Izawa, Taki, entre outros jogadores. “Particularmente fico muito feliz por estarmos fazendo parte disso tudo. É um clube famoso não por títulos, mas pela história que transmitiu ao mundo. O futebol japonês cresce cada vez mais. Que eles continuem evoluindo. Tem tudo para se tornar uma potência e que a gente possa conseguir esse acesso com o Nankatsu e nos sagrarmos campeões”, comenta Devisson.

Se depender da torcida do mundo inteiro que acompanha a série e de Sanae, Hyuuga, Sawada, Wakashimazu, Shingo Aoi, Matsuyama, Nakanishi, irmãos Tachibana, Nitta, Hayata, Jito, Pepe, Carlos Santana e Roberto Hongo, o acesso à elite do futebol japonês já está garantido e eles serão finalmente, Supercampeões.

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