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Por TopBr em 31-07-2022 Destaque
TopBR.JP – Campeã de três das quatro etapas do Open Feminino do Circuito Downhill Series de Mountain Bike realizadas até agora neste ano, Letícia Itano (29), obteve a classificação para a Elite (profissional) e vai estrear na categoria principal do ciclismo de montanha do Japão em setembro, na província de Hokkaido. A brasileira residente em Miyoshi (Aichi) está confiante para o novo desafio e quer abrir as portas da modalidade para outras mulheres.
“Atingi meu objetivo mais rápido do que esperava. A partir de agora quero correr em alto nível com boas performances e fazer com que mais mulheres conheçam o esporte através de mim porque mudou a minha vida”, afirmou. Cada etapa é realizada em dois dias, sendo o primeiro para a classificação e o segundo para a corrida decisiva.
Por falta de patrocínio, a paulista, natural do Guarujá, ficou de fora da primeira edição do ano disputada em Kumamoto no mês de abril, porém surpreendeu ao vencer as corridas de Hakuba Iwatake, em junho, e a de Fujimi Panorama, em julho, ambas em Nagano, com ampla vantagem sobre a segunda colocada. A confirmação veio no fim de semana de 16 e 17 de julho, em Kannabe (Hyogo) com mais uma vitória contundente.
Integrante do grupo Backcountry Japan Cycling, fundado pelo poliglota professor universitário Roberto Colqui, Letícia recebe uniformes esportivos e conta com as inscrições das provas pagas pelo patrocinador. O namorado Pedro Fukuda ajuda na manutenção das bicicletas. Entretanto, algumas revisões nos equipamentos e suspensões precisam obrigatoriamente passar pela assistência técnica autorizada. “É um esporte caro. Temos que comprar algumas peças de fora e a manutenção faz toda a diferença na corrida. O que consigo fazer é economizar com hospedagem acampando nos estacionamentos”, relata.
MUDANÇA DE VIDA
A vida de Letícia, segundo ela mesma, é dividida entre antes e depois da bicicleta. Faz quatro anos que o esporte transformou seu cotidiano. “Comecei fazendo caminhada nas trilhas com o pessoal do grupo que subia as montanhas. Um dia resolvi experimentar. Pra quem nunca andou, pedalar numa montanha de primeira é muita loucura e desde então, não larguei mais a bike”, recorda.
Mas a desistência da vida sedentária e noturna só foi possível com o apoio do namorado Pedro. “Trabalhava de segunda à sexta naquela vida de casa-trabalho. Sábado era dia de balada e domingo tinha o rolê com os amigos. Bebia muito e fumava. Além disso, passei por uma depressão. Foi através do Pedro que tive esse contato com o ciclismo e com a montanha. Aprendi a me exercitar, sentir os benefícios da endorfina no meu corpo e ter toda uma consciência sobre a natureza. Hoje, tenho uma visão completamente diferente sobre as plantas, respeito máximo pelo verde e entendo melhor o meu papel dentro do ecosistema”, refletiu.
A bicicleta chegou para ficar e se tornou seu meio de transporte preferido. Com ela vai às compras, treina e faz entregas por aplicativo para obter uma renda extra no orçamento. Além de Pedro, participa das trilhas com a cachorrinha que é quem lidera a fila para entrar na mata. Letícia já trabalhou em fábrica, foi tradutora, auxiliar de enfermagem, auxiliar de veterinária e em breve dará palestras em eventos incentivando a prática do ciclismo para mulheres.
Faz questão de citar o apoio do triatleta Roberto Ieiri, atualmente na Nova Zelândia, que promoveu eventos e motivou pessoas a se inscrever em competições federadas de várias modalidades com destaque para a corrida de rua, maratona, ciclismo, triathlon e esportes radicais enquanto residiu no Arquipélago.
“Sempre me deu a maior força e me fez ver o lado bom da competitividade. Um cara que deu a volta por cima, teve a vida transformada pelo esporte e me botou pilha para encarar as dificuldades”, contou.
YOGA
Outro fator importante para a evolução no rendimento de Letícia foi a prática da Yoga. Antes de competir pra valer, ela se testou em duas competições, em Osaka, onde foi vice em ambas. Apesar dos bons resultados, percebeu que ainda não estava mentalmente preparada para lidar com a tensão, pressão e emoção dentro de uma prova.
“Notei que não tinha controle da minha cabeça, dos meus sentimentos e de tudo o que se passava dentro de mim. Por mais que queria estar no controle, não estava realmente. Procurei o Yoga e isso tem sido uma virada de chave porque precisava estar forte de dentro para fora. O Yoga trouxe essa força e esse domínio para controlar o meu corpo. Acho que todo mundo deveria fazer pelo menos uma aula na vida porque é muito bom descobrir essa força interna”, avaliou.
“Faço exercícios de respiração, o que me ajuda no desempenho. Algumas corridas são mais longas e requerem um pouco mais de resistência corporal e o Yoga me traz esse benefício”, acrescentou. Letícia não come carne vermelha nem frango e gradualmente está retirando alimentos embutidos de sua alimentação.
Faz uso de suplementação na dieta e consome muitas frutas e verduras. Graças ao esporte toda sua rotina foi repensada priorizando a qualidade de vida. “Não é facil, não é barato. mas vale a pena. É um investimento na nossa saúde acima de tudo e quero passar isso para o maior número de pessoas que eu conseguir”, finalizou.
Quem tiver interesse em colaborar ou apoiar de alguma forma a atleta nas competições, pode entrar em contato pelo telefone: 090-3569-0849. E-mail: lethitano@gmail.com
