Brasileiro vence problemas pessoais com triathlon e hoje mira o Ironman

Por Alex Kinjo em 25-06-2018   Esporte


TopBR.JP – Vivendo há dois anos no Japão, Roberto Ieiri (35), de Toyohashi (Aichi), conseguiu superar um drama pessoal através do esporte. Ele venceu a depressão, a obesidade e a dor causada pelo término de um relacionamento se envolvendo com a prática do triathlon que o fez perder 18 quilos e o ajudou a descobrir todo o seu potencial.

Depois de participar de provas nas categorias Sprint e Triathlon Olímpico (Super Sprint e Sprint), completou no mês passado o Ironman 70.3 Centrair Japan (1.9km de natação, 90km de ciclismo e 21.1km de corrida). Hoje, ajuda pessoas que passam pelas mesmas dificuldades que ele enfrentou e mira o Ironman full (3.80km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida).

“Logo depois que me separei, comprei uma bicicleta e andava sozinho para me distrair e tentar me esquecer dos problemas. Por indicação de uma pessoa, conheci um grupo de ciclistas e passei a andar com eles até que vi uma propaganda de uma prova de triathlon curta (275m, 10km e 2.5km) (375m, 10km e 2.5km) e decidi encarar”, recorda o paulista que participava de corridas de rua no Brasil.

Fotos: Cedidas

Na Orange Gamagori, realizada em 18 de junho de 2017, Roberto competiu sem roupas apropriadas ou equipamentos adequados pesando 87 quilos e terminou o percurso em 52min. “Foi engraçado porque enquanto os outros participantes tiravam a roupa de mergulho e já iam pedalar ou correr, eu trocava a cueca, me enxugava com a toalha e usava uma bicicleta bem diferente também. Foi tudo no improviso”, recorda com bom humor. Acreditando que poderia ir além, entrou na academia num projeto que pagava mil ienes a cada quilo perdido. Emagreceu 18 quilos e recebeu a quantia equivalente do estabelecimento.

Resolveu, então, dobrar a distância no Yokohama Seaside Triathlon (400m, 20km e 5km), que concluiu em 1h17min. “Coloquei na cabeça que queria o Ironman, mas na época era inalcançável para mim. Tinha que ir evoluindo aos poucos”, disse. Com o objetivo em mente, Ieiri se matriculou numa escola de triathlon em novembro. Segundo Roberto, o esporte no Japão está dividido nas categorias Super Sprint, Sprint e Olímpico. Para chegar ao Ironman, é necessário apresentar um certificado de conclusão de uma prova de nível olímpico.


Com o auxílio dos intrutores e seguindo uma dieta low carb, Roberto se inscreveu no Nagaragawa Middle Triathlon (2km, 80km e 20km), realizado em maio deste ano em Gifu, com distâncias superiores a categoria olímpica. Para aumentar a resistência, o brasileiro que, trabalha numa fábrica de rolamentos e treinava na escola às terças e quintas-feiras das 19h30 às 22h15, passou a nadar nesses dias das 5h40 às 6h40 antes de ir ao serviço. Aos sábados ele treinava das 6h30 às 13h.

Ele finalizou o circuito em 5 horas e 27 minutos muito cansado e sentindo falta de oxigênio. “Como havia saído de uma prova de curta distância (setembro) para esta que era muito longa e pulando a medida olímpica, fiz um esforço físico muito forte que não imaginava. Quando cheguei na corrida, já estava entregue, exausto. Corri com vontade de parar”, afirmou.

Restando 28 dias até o Ironman 70.3 Centrair Japan (cujo número se refere à metade da distância de um Ironman em milhas), a preocupação passou a ser a corrida. “Tenho facilidade com a bicicleta porque costumo treinar com o grupo de ciclismo. Então, não sofro muito. O instrutor pediu para focar mais na corrida e passei a correr 10km três vezes por semana fora da academia, além de continuar com os treinos normais”.

Tanto e empenho e dedicação deram resultado e exatamente um ano depois de sua primeira prova, ele estava terminando um Ironman 70.3. “Me saí melhor do que havia imaginado. Consegui controlar bem o ritmo da corrida para não sentir câimbras. Esperava terminar em 6 horas, mas finalizei em 5 horas e 28 minutos. Só um minuto acima do tempo que fiz em Gifu, sendo que percorri 11km a mais nesta prova”, avaliou. Com o resultado de 17 de junho deste ano, Roberto viu que é possível completar o Ironman Full. Para isso planeja disputar a prova da Nova Zelândia (3.8km, 180km e 42km) que acontece em março de 2019 e traçou o tempo de 12 horas como meta.


 

CUSTOS
O esporte tem seus gastos. Roberto utiliza uma bicicleta que custa 150 mil ienes. No entanto, para a prova da Nova Zelândia terá que comprar uma no valor de 700 mil. Sapatilhas e tênis custam entre 10 e 20 mil ienes. Já a wetsuit, roupa de borracha que permite nadar, correr e pedalar está na faixa de 25 mil ienes.

No caso das inscrições, os preços vão de acordo com a importância e tamanho da competição. Em 9 de setembro, haverá a maior prova de triathlon da província de Aichi, em Irago, na costa de Tahara, cuja inscrição é de 23 mil ienes. Em seguida, ele disputa um evento em Iwata (Shizuoka), no dia 30 do mesmo mês, no valor de 18 mil ienes. Na alimentação, o atleta faz uso de suplementação básica com whey protein.

Dezoito quilos mais magro, Roberto precisou comprar roupas menores

RECOMPENSA PESSOAL
Roberto não reclama dos custos. Enfatiza que a recompensa é individual e que poderia estar gastando bem mais com medicamentos e tratamento psicológico, caso não estivesse concentrado no esporte. “Na época em que me separei, teria gasto muito mais com um tratamento”, compara. “No triathlon, os desafios são constantes e você tem que se superar a cada momento”, acrescenta.

Pela transformação pessoal e maneira como deu a volta por cima, o brasileiro é procurado para ajudar pessoas que estão lidando com problemas como a depressão. Para isso, possui até uma bicicleta reserva para emprestar e incentivá-las a se colocarem em movimento.

“Tem que achar uma atividade para tirar o problema da cabeça que no meu caso era uma relação. Quem quer emagrecer, basta fechar a boca que consegue. Mas o esporte é melhor. Eu estou sempre correndo, nadando ou pedalando e a obesidade e a depressão já ficaram pelo caminho”, constata.

Para o projeto do Ironman full em 2 de março dde 2019, na Nova Zelândia, Ieiri vai arcar com as despesas de viagem, hospedagem e alimentação sozinho e aceita patrocínios de empresas que possam ajudá-lo a ir em busca de mais esta conquista. Os interessados em contribuir podem entrar em contato pelo e-mail: robertoieiri@gmail.com

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