Por Alex Kinjo em 28-10-2017 Esporte
TopBR.JP – A judoca Marisa Narita Uemura (49), faixa preta 1º dan pela Federação de Judô do Paraná (PR), conquistou no dia 17 de setembro, a faixa preta pela Federação de Judô da província de Shiga. Ela venceu todas as cinco lutas previstas na avaliação e deu um importante passo rumo ao objetivo de registrar uma academia brasileira na região. Seu filho, Bruno Narita Kawahisa (28), também foi aprovado no exame. Já o esposo, Diego Uemura, havia conquistado o 1º dan em junho.
Antes das lutas, a sensei foi notificada pelos examinadores de que não seria permitido o uso de kansetsu waza (chaves de braço ou torções), especialidade dos brasileiros em função da familiaridade com o jiu-jitsu. Marisa ganhou todos os confrontos lutando somente em pé sem precisar utilizar os recursos da arte suave para se sair vitoriosa. De acordo com ela, a faixa preta de 1º dan permite apenas participar de competições oficiais e cursos da federação japonesa, além de atuar como instrutora voluntária. Para ser responsável por uma academia, é necessário obter o 3º dan da modalidade.
“É um caminho longo, mas não tenho pressa. Tenho consciência de que será uma jornada de pelo menos cinco anos pela frente”, avalia a professora que se inspira em sua própria trajetória no “caminho suave” (nome do judô) para dar continuidade ao seu trabalho.
Paciência, perseverança e determinação moldaram a vida de Marisa que começou a treinar ainda criança aos 6 anos de idade na academia fundada por seu pai, Mário Narita, a Associação Paranavaiense de Judô. Nascida numa família de oito irmãos, todos judocas, foi uma das primeiras atletas do estado na categoria feminina na década de 80 junto de sua irmã, Marcela Narita Laureano, atualmente sensei de 5º dan e proprietária da academia Yama Dança e Esporte, em Nova Esperança (PR).
Apesar do futuro promissor como atleta, os obstáculos da vida fizeram Marisa interromper o esporte aos 14 anos na faixa marrom. Em 1986, ela se mudou para São Paulo, casou, constituiu família se tornando mãe de quatro filhos sem nunca pensar que sua história no judô havia sido encerrada. Voltou a treinar em 2000, fez curso de arbitragem, primeiros socorros, participou de aulas e palestras necessários para os exames de formação de faixas pretas e no ano seguinte começou a arbitrar nos campeonatos promovidos pela federação local. No estado, ela possui registro no Conselho Regional de Educação Física (CREF).
Marisa conquistou a faixa preta em 2003, aos 35 anos, mesma idade em que seu pai havia obtido sua graduação. E ratificou seu retorno aos tatames em grande estilo sagrando-se campeã brasileira master na categoria ligeiro (48kg), medalha de bronze nos Jogos Abertos Brasileiros (JABS) individual e prata por equipes.
Em 2004, a paranaense se mudou para o Japão e permaneceu 10 anos afastada do caminho suave. Mas acabou se reencontrando com o judô novamente e dessa vez na terra de sua origem. Em 2014, foi convidada como voluntária para ensinar os fundamentos do esporte no Colégio Santana, de Echigawa, e com o apoio da família decidiou buscar o registro na federação japonesa. Apesar da vasta experiência nos tatames e competições, ela precisou voltar à faixa branca e recomeçar do zero seguindo a burocracia do esporte no país que não reconhece atletas graduados no exterior.
Uma das principais lições que o judoca aprende no esporte é a de que não importa quantas vezes ele cai, mas quantas vezes ele se levanta. E Marisa usa sua história como exemplo para outras pessoas acreditarem sempre em seu potencial enfrentando as dificuldades do dia-dia, mas sem nunca desistir de suas metas.
Profissional dinâmica, Marisa é além de judoca, orientadora de treinamentos funcionais, personal trainer, instrutora de corrida e de voleibol. “Nunca é tarde para começar ou recomeçar. Eu incentivo todo mundo a se mexer, se colocar em movimento e dar sempre um passo à frente. Só fica parado quem quer”, conclui.