Por Alex Kinjo em 04-03-2017 Comunidade
TopBR.JP – Há mais de 15 anos, a paraense Dilma Sugui vem cuidando de gatos abandonados no Japão. Com o apoio do marido e de voluntários, ela recupera os animais para que possam ter um lar novamente. Sua residência em Toyohashi (Aichi) abriga atualmente 323 felinos que, após a castração, recebem alimentação, vacinas, medicamentos e muito carinho.
Dilma não mede esforços para manter os gatos saudáveis. A casa foi completamente adaptada para dar conforto e condições dignas de moradia aos bichos com a construção de um abrigo no quintal. O nome escolhido foi El Shadday Cats. Ao todo são 12 alas. Entre elas, há um berçário para os recém-nascidos, um quarto para os portadores de AIDS, leucemia, os doentes em recuperação e um espaço amplo para os saudáveis.
Assista ao vídeo do cinegrafista Aureo Yokoyama e conheça o trabalho de Dilma Sugui.
Mãos calejadas e desgastadas pelo uso de materiais antibacterianos e desinfetantes revelam a luta diária da brasileira que abriu mão de sua vida particular para ajudar a sobrevivência de animais que seriam sacrificados, caso ninguém se comprometesse em se responsabilizar por eles. A prefeitura concedeu uma licença que autoriza Dilma a tomar conta dos bichos. No entanto, ela não recebe nenhum benefício.
Os vizinhos não gostaram da iniciativa e deixaram bem claro que não querem saber dos animais andando soltos pelas ruas do bairro. No passado, mais de 100 gatos foram envenenados depois que uma senhora que cuidava deles adoeceu.
Para evitar o mau cheiro e reclamações, Dilma lava a área quatro vezes por dia além de limpar as fezes e urinas dos animais frequentemente. Praticamente todos os dias, acorda no meio da noite para atendê-los.
São os amigos quem contribuem doando rações e dinheiro. Na página do Facebook, há mais de cinco mil seguidores. Todo mundo compartilha e dá like. Mas apenas 30 fazem doações regulares. O que impressiona é que praticamente todos os bichos adotados pela benfeitora foram abandonados por brasileiros. Motivos são vários. Gestação e medo de toxoplasmose, mudança de cidade, moradia em apartamentos públicos que não permitem animais, etc…
Vários animais chegam surrados e com fortes sinais de maus-tratos. Mas, se recuperam após os cuidados veterinários. Dilma deixa claro que não aceita animais com donos que querem se desfazer de seus bichos. “Para tirar um gato da rua, gasto 14.500 ienes, se for macho,e 21.500, no caso das fêmeas. Mando fazer exames de AIDS, leucemia, vermifugação e castração. Não misturo gatos”, explica Dilma que possui dívida de 165 mil ienes com hospitais veterinários.
Para ajudar nas despesas veterinária, ela confecciona produtos de cama e vende para lojas de roupas. Também promove um bazar beneficente com roupas e materiais doados por amigos cuja verba arrecadada é revertida para os bichos. Com as doações em dinheiro, Dilma presta contas postando os recibos das compras na página do Facebook.
VOLUNTÁRIA SALVOU GATOS DA MORTE EM GIFU
Uma das voluntárias do abrigo El Shadday Cats, Andréia Maruyama, salvou dois gatos da morte no ano passado na cidade de Seki (Gifu). “Quando os encontrei, eles estavam muito judiados. Era madrugada de domingo e não tinha para onde levá-los. Liguei para a Dilma e vim de carro até Toyohashi (Aichi) trazê-los. Um deles teve um olho retirado e ficou com apenas 10% da visão no outro olho, mas está bem”, relata Andréia. “Quem quer criar gato tem que ter responsabilidade. Eles não vivem um, dois ou três anos. Eles crescem, ficam doentes, envelhecem. Tem que ter consciência”, completa a voluntária que contribui mensalmente com os felinos.
CAMPANHA ARRECADOU 350KG DE RAÇÃO EM 2016
Sensibilizada com a situação do abrigo, Lorete Kawashita, de Handa (Aichi), iniciou em 2016 uma campanha de arrecadação de ração, cobertores, enlatados, entre outros. Estabelecimentos comerciais brasileiros apoiaram a causa e a iniciativa obteve 350kg de ração. “Foi muito gratificante e já estamos nos mobilizando para realizar uma nova campanha”, diz Lorete.
ADOTE UM GATINHO
Para quem quer ter um gato, mas não tem condições de criá-lo, a El Shaday Cats aceita o apadrinhamento. O interessado pode escolher um animal e ajudá-lo mensalmente com despesas de alimentação e vacinação. Os interessados podem entrar em contato pela página no Facebook El Shadday Cats. Outras informações em: www.facebook.com/elshaddaycosturas ou www.facebook.com/dilmawatanabesugui .