Após início de ano ruim, Nagoya Gallos aposta na união para se recuperar na Liga Over-40 de Aichi

Por TopBr em 13-06-2022   Esporte


TopBR.JP – Após um início de temporada ruim com quatro derrotas seguidas, o Nagoya Gallos se reestrutura para organizar o time e buscar a recuperação na Liga Over-40 de Aichi. A competição é acirrada com 20 times distribuídos em duas divisões com ascenso e descenso.

A equipe latina fundada em 2019, pelo peruano Carlos Inafuku, tem como objetivo de médio a longo prazo vencer o torneio provincial para poder disputar a etapa nacional e sagrar-se campeão geral do Japão. Logo em seu primeiro ano, o Nagoya Gallos subiu da segunda para a primeira divisão. No ano seguinte (2020), bateu na trave sendo vice-campeão de Aichi e em 2021, apesar das dificuldades com a pandemia, a agremiação terminou o certame na quarta colocação.

O plantel conta com 23 jogadores de cinco nacionalidades (brasileiros, japoneses, bolivianos, peruanos e argentinos) e o nome Gallos foi inspirado na infância de Inafuku, torcedor do Unión Huaral, que adorava assistir às “rinhas de galo”. No Peru, a briga de galo é permitida por Lei e considerada expressão cultural. “Meu pai criava galos e eu cresci naquele ambiente e trouxe esse conceito de lutar até o final. É um espírito de luta para não desistir mediante às adversidades”, afirmou. Outra proposta da equipe é interagir com a sociedade japonesa através do esporte.

DESAFIOS
Para dirigir o time, foi chamado o experiente técnico Marcos “Bigode” Irala, que já dirigiu várias equipes no futebol amador, das categorias de base até o master. O comandante abriu o jogo com sinceridade e revelou todas as dificuldades que teve em fazer o grupo multicultural jogar unido. “Administrar o vestiário é muito difícil. Todo mundo quer jogar e ninguém quer ficar de fora. Quem estava no banco cornetava quem estava jogando. Havia intrigas e fofocas, mas conseguimos contornar e os resultados vieram”, avaliou.

No aspecto tático, faltava obediência. “Infelizmente na nossa cultura, todo mundo é técnico de futebol, médico e professor. Pedia para que eles escutassem e fizessem o combinado sem duvidar, mas eles gostam de mudar as coisas. O ‘achismo’ atrapalha bastante o trabalho de um treinador”, enfatizou.

Segundo o técnico, jogadores veteranos insistiam em jogadas individuais e lançamentos longos cuja idade impedia a recomposição rápida do time. “No master, não dá para ficar na correria querendo driblar todo mundo sozinho. Tem que ser na experiência, no passe e no jogo coletivo. Alguns entenderam, mas nem todos. Se for pra cada um fazer o que bem entende, não precisariam mais de mim”, apontou.

De acordo com ele,  o aspecto mais grave que precisou de intervenção externa foi o excesso de vontade que culminou em violência. “Teve atletas que jogavam com deslealdade e precisei tirar do time. Mesmo assim, um ex-jogador nosso insistiu em ir num jogo e agrediu um adversário. Ele foi preso e a liga que poderia excluir nosso time do campeonato, teve piedade e manteve nossa vaga”, relatou.

Irala alega que o episódio foi muito constrangedor e o grupo teve que ouvir um sermão do presidente chateado já que a polícia precisou agir no caso para colocar um ponto final nas brigas futebolísticas. “Ele disse que éramos rivais apenas dentro do gramado e fora dele ninguém era inimigo. Todos vieram aqui para jogar e não para brigar. Desde então, eu tento educar eles. Mas uma coisa é orientar crianças da escolinha, outra é educar adultos acima de 40 anos”, pondera.

A falta de comprometimento com os treinamentos também interferiu na má fase do time neste ano. Mas ‘Bigode’ assegura que todos problemas e dificuldades uniram ainda mais o grupo que deixou as individualidades de lado para trabalhar em prol do coletivo. “O time é novo e esse trabalho é a longo prazo. Acredito que vamos nos desenvolver bastante ainda e dar muito orgulho para essa comunidade”, destacou o líder.

Para a manutenção do time na Liga Over-40 da província de Aichi, cada integrante colabora com a taxa de 1.000 ienes para os custos de arbitragem e manutenção dos campos. O Nagoya Gallos tem dois patrocinadores, mas está em busca de empresas que possam apoiar a equipe. Quem tiver interesse em conhecer o projeto, pode entrar em contato pelo telefone: 080-4309-3714 (Marcos Irala).