Por Alex Kinjo em 28-05-2017 Esporte
TopBR.JP – Faz mais de 20 anos que o judô brasileiro fixou raízes na província de Shizuoka através do trabalho do professor Edson Barbosa. O sensei paulista superou o preconceito e enfrentou a desconfiança dos japoneses que relutavam em deixar um estrangeiro ensinar a luta tradicional do país. Com humildade, Barbosa retornou à faixa branca e recomeçou do zero sua trajetória no “caminho suave”, significado do judô.
Degrau por degrau, foi se graduando. Obteve a faixa preta, a licença para árbitro e apesar dos obstáculos impostos por dirigentes nipônicos para aceitar uma academia brasileira, conseguiu montar seu próprio dojô. Como uma árvore, a semente plantada por Barbosa germinou, se desenvolveu com galhos fortes e gerou vários frutos para o orgulho da comunidade verde e amarela. A filha, Danielli Yuri, representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim-08. Já o mais novo, Eduardo Katsuhiro, integra a seleção brasileira masculina. Barbosa retornou ao Brasil após a crise financeira que atingiu o Japão há quase 10 anos. Mas, deixou um legado.
Desde 2011, o professor Fábio Inoue (46) vem dando continuidade à saga do judô brasileiro na região. Aluno de Barbosa, Fábio que reside no Arquipélago há 23 anos, era faixa marrom quando saiu do Brasil. Depois de mais de 15 anos sem vestir o judogui, amarrou a faixa branca na cintura e refez o caminho de seu instrutor. Hoje, é responsável pela academia Inoue, a única brasileira reconhecida pela Confederação Japonesa de Judô, e árbitro da Federação de Shizuoka.
“Quando o Barbosa resolveu voltar ao Brasil pensamos até em fechar a academia por falta de alunos e pelo desânimo dos que ficaram. Mas graças à força dos pais, colaboradores e alunos que permaneceram, pudemos continuar e estamos começando a mostrar os resultados”, recorda Inoue.
A equipe que chegou a ter quase 80 praticantes há 10 anos, hoje conta com 28 atletas entre crianças e adultos. As aulas acontecem toda segunda-feira e sábado, em Hamamatsu, e domingo, em Iwata. Fábio é auxiliado pelos faixas pretas Roberto Yano, Danielle Yano, Amanda Yuri, Milton Minoru e pelo instrutor de jiu-jitsu e judô, Akira Owada, especialista em luta de chão.
Da nova geração de judocas nipo-brasileiros que passaram pelo dojô, destacam-se os irmãos Marcelo Fuzita, membro da seleção brasileira, e Rafael Fuzita, atleta do Palmeiras. “Treinavam conosco e no ginásio (chuugakoo) intensivamente todos os dias. Agora estão tentanto realizar seus sonhos de representar o Brasil nos Jogos Olímpicos”, comenta. E no Japão, a jovem Mei Kasama, de apenas 10 anos, sagrou-se vice-campeã provincial no último domingo (21).
Mais do que como esporte, o sensei recomenda a prática do judô pela sua filosofia e convida a comunidade para conhecer o “caminho suave”. “Uma modalidade que ensina disciplina, respeito, trabalho em conjunto e educação social. Convido a todos para conhecerem nosso trabalho. Estamos com as portas abertas”, finaliza.
Mais informações no Facebook do Inoue Judô Club.