Por TopBr em 20-03-2018 Comunidade
TopBR.JP – O CD com a trilha sonora do animê Welcome to the Ballroom, lançado em dezembro do ano passado, conta com duas canções interpretadas pela cantora radicada em Tóquio, Simonny Mitsumori. A brasileira foi convidada por um produtor musical para gravar as músicas “Flor Vermelha” e “Amor Proibido” do seriado do estúdio Production I.G e que conta a história de Tatara Fujita, um estudante que muda totalmente sua vida ao ingressar no mundo da dança de salão.
“As músicas foram escritas em japonês. Então, o produtor pediu para que eu fizesse versões em português. Elas foram aprovadas e entraram no álbum”, disse Mitsumori. Nascida no município de Costa Rica (MS), Simonny recebeu o nome como homenagem da mãe à líder do Balão Mágico, que encantou o Brasil nos anos 80. Na capital japonesa, a sul-matogrossense é cantora, dançarina e modelo.
Ficou conhecida como vocalista do grupo Kombinow, formado por três cubanos e um peruano e que se apresentava em restaurantes, hotéis e eventos. Esporadicamente, ela faz aparições em programas da TV japonesa sobre o tema Brasil.
DE DEKASSEGUI EM AICHI À ARTISTA EM TÓQUIO
Viver da arte sempre foi um dos objetivos de Simonny que reside no Japão há 11 anos. Ela começou a cantar ainda criança na igreja e manteve o hobby desde que chegou ao arquipélago frequentando karaokês na província de Aichi junto da família e dos amigos. Outra paixão da costarriquense é a dança. Inclusive, já participou de um grupo multicultural da Unesco representando o Brasil dançando samba.
O impulso para correr atrás do sonho foi o término de um relacionamento. “Sentia que minha vida havia acabado. Juntei forças e decidi lutar por algo novo. Resolvi acreditar em mim e começar uma vida nova em um lugar diferente de Nagoya”, comenta. Simonny deixou a família em 2015, e foi morar sozinha na maior metrópole do mundo. O começo foi difícil, o aluguel era exorbitante e as oportunidades de trabalho totalmente diferentes das oferecidas aos estrangeiros na região Tokai, onde estava acostumada a viver.
“Muita gente falou que iria me ajudar, mas na hora em que me mudei, ninguém me deu a mão. Só apareciam serviços de hostess ou garçonete, mas eu deixei tudo para trás para tentar ser cantora e não queria desistir”, recorda. Convidada para formar a banda Kombinow, sua voz deu o tom feminino que faltava ao ritmo latino do grupo cubano. Simonny não se intimidou e encarou o desafio de compor a banda que fazia shows em eventos importantes. “Minha primeira apresentação com eles foi para representantes de 25 embaixadas. Não foi fácil, mas são nos desafios que a gente cresce”, reflete. Recentemente, ela cantou no aniversário da renomada estilista Junko Koshino.
Para se sobresair em Tóquio, diversificou seu trabalho se cadastrando em agências de artistas. Já foi convidada para fazer fotos publicitárias e participar de programas de entretenimento relacionados com o Brasil. De acordo com ela, a única coisa que a impediu de expandir seu leque de oportunidades no ramo fotográfico foram as tatuagens. “Para modelo, eles realmente recusam candidatas com tatuagens. Se alguém quer tentar a carreira aqui, digo para que não tatue”, recomenda.
Sem possuir manager próprio, Mitsumori busca oportunidades sozinha. “Não tenho ninguém responsável por mim. É mais difícil, a competividade é bem maior, mas prefiro dessa maneira”. Com o grupo Xlab (atual Real Ricos), um conjunto de vários cantores, a maioria de rap, gravou a música Changes. Hoje atua também como passista e dançarina de música brasileira em eventos japoneses.
REALIDADE DO MEIO ARTÍSTICO
Trabalhando no meio artístico toquiota, Mitsumori conheceu os dois lados do showbiz tendo seu trabalho reconhecido e prestigiado, mas também revelou que já recebeu propostas indecentes para sair com artistas e esportistas famosos. “Já fui muito assediada e posso dizer que não são todas as mulheres que se vendem. Tenho princípios, valores, possuo uma família, um sobrenome e zelo muito por ele. Por isso trilho meu caminho devagar, sozinha, sem empresários, confiando somente em Deus”, afirma.
Conforme Simonny, drogas e excesso de álcool também são comuns nos bastidores da indústria do entretenimento e que paciência e maturidade são necessárias para não se perder no caminho. “Um artista tem que estar todos os dias sorrindo e pra cima, mesmo quando não está bem. A pressão é muito forte e muita gente se droga para suportar”, detalha.
ATAQUES NAS REDES SOCIAIS
De acordo com ela, a repercussão de seus trabalhos já gerou inveja e insatisfações nas redes sociais. “Já tive meu Facebook e Instagram invadidos e recebo ataques de todos os tipos. Acabei me destacando no meio da multidão, o que gerou ódio e inveja em quem não gosta de mim. Já pensei em desistir, mas sou persistente e não volto atrás. Chego em casa, dobro meus joelhos e peço a Deus força para fazer a diferença no meio artístico”, confessa a artista que acolhe as críticas como impulso para crescer.
“Transformo em motivação. Não é fácil, mas não deixo o ódio entrar dentro de mim. Não preciso que as pessoas me aceitem, apenas que me respeitem”, acrescenta.
REALIZAÇÃO PESSOAL
Nos mesmos canais onde já foi atacada, ela recebe também o apoio e carinho dos amigos de infância que deixou no Mato Grosso do Sul e na cidade de Xanxerê (SC), onde cresceu. “Muita gente lembra de mim cantando nos barzinhos e sentem orgulho de mim, de ter saído de uma cidade pequena para tentar uma carreira do outro lado do mundo”.
Hoje, Simonny fala quatro idiomas e apesar de batalhar para consolidar a carreira em Tóquio, não pensa em retornar para Nagoya, onde poderia contar com uma estrutura familiar e comodidade. “Tinha uma vida estável e cômoda, apartamento grande e mobiliado. Falavam da minha idade, que meu tempo já tinha passado. Não dei ouvidos à ninguém. Larguei tudo e vim pra me desafiar, buscar algo maior pra minha vida e me sinto abençoada por Deus por estar conseguindo. Me sinto realizada por estar vivendo da arte e conquistando cada vez mais espaço. Deus me deu o talento, o resto eu posso correr atrás”, conclui.
Fotos cedidas.