Por Suely Hocihara em 16-03-2017 Esporte
TopBR.JP – Com o céu limpo e ensolarado, atletas de várias regiões do Japão participaram no último domingo (12) da Women´s Marathon e City Marathon (Meia Maratona e Maratona de 10.5km, homens e mulheres) realizada na cidade de Nagoya (Aichi).
As brasileiras Lilian Miyahira, Emanuelle Funahashi e Cris Cunha correram na Women´s Marathon. Foram 42km de prova, cujo circuito incluiu vários pontos tradicionais de Nagoya, com início e término no Nagoya Dome. O casal Valéria e César Yuano disputou o City Marathon (Meia Maratona – do Nagoya Dome ao Parque Shirakawa). Michelle Shirai, Hélio Takashi, Fábio Nishihara, Rogério Lima, Alessandra Nishigawa, Marta Okuzono e Cláudio Imada correram a prova de 10.5km (do Nagoya Dome até o Mizuho Park Athletics Stadium).
Lili Miyahira (44), de Hamamatsu (Shizuoka), moradora no Japão há 25 anos, considera-se uma pessoa otimista e ligada nos 220W desde a hora que acorda. Mau humor não faz parte da sua vida. Participante do grupo RunBrJapan há quatro anos com três Maratonas e cerca de 30 provas, é uma grande incentivadora do esporte. “A corrida entrou em minha vida por causa da obesidade e pela diabetes tipo 2 que tinha sido constatada num exame periódico na empresa”, comenta.
SUPERAÇÃO
Esse foi seu o segundo ano correndo no Women´s Marathon com a presença de atletas internacionais, disputando vagas para a olimpíada. “Eu não considero a maratona uma prova fácil, seria hipocrisia minha falar que não sinto nenhuma dor. Mas é o tipo de prova que você quer e não quer correr por não saber até onde o limite do seu corpo pode chegar. O meu limite esse ano foi menor que o do ano passado devido à uma cirurgia que me deixou parada nos meses em que deveria estar treinando”, disse.
Não podendo se dedicar aos treinos mais pesados devido à limitação, se preparou por apenas três meses com ajuda de dois técnicos japoneses. O coração se encheu de emoção na largada, mas a dor surgiu aos 20km e com ela o desânimo. Mas, os amigos de Toyohashi apareceram pelo trajeto e deram a força necessária para alcançar os 30km. Em seguida, foi a vez da torcida do Nike Running Club incentivar a brasileira na subida.
E nos 38 e 39km de prova quando a reta parecia interminável, outros três grupos de amigos surgiram na Sakura Doori. Era o apoio que faltava para Lili virar a esquina nos 41km e encontrar a multidão que cercava o Estádio de Nagoya. “O público torcia para todo mundo querendo o Hi Touch das atletas. Aquele momento onde você agradece por ter família e amigos esperando e aquela sensação boa de ‘Eu consegui!’ Foi difícil, mas eu consegui”, enfatiza.
“Eu sempre acho, que se for fácil não tem graça. Correr é pura magia, é energia que contagia até o ser humano mais frio. Acredito que a maratona é mais mental, o físico suporta todos os obstáculos, mas quem comanda é a mente”, relata Lili.
PARCERIA NO AMOR E NO ESPORTE
O casal César(41) e Valéria (40), de Komaki (Aichi), correu na City Marathon (meia maratona). César sempre gostou de esportes, mas começou a competir por incentivo da esposa. “Hoje agradeço por ela ter me apresentado a esse universo que é a maratona”, comentou.
Valéria devido à problemas de saúde, começou com caminhadas e aos poucos foi introduzindo a corrida em sua vida. “Cheguei até a obesidade mórbida e sair do sedentarismo foi uma questão de sobrevivência. Comecei o ano de 2015 caminhando e conforme ia eliminando o peso corporal, fui dando pequenas trotadas. No final de 2015, participei da minha primeira prova de 10km. De lá para cá, foram seis provas de 10km, e a primeira de meia maratona (21km) foi a que concluí no City Marathon. Sempre me emociono. Vejo na corrida uma filosofia de vida, meu momento, desafio pessoal. É reflexão, conscientização e equilíbrio entre corpo e mente. O fato do meu marido e filhos me incentivarem e correrem ao meu lado faz toda a diferença”, avalia.
Valéria já tem uma prova de 10km marcada para abril, no Parque Espanha em Mie-ken, 21km em maio, no Susono Monte Fuji e a inscrição da sua primeira maratona, em Yokohama (Kanagawa).
LÁGRIMAS DE EMOÇÃO
Emanoelle Funahashi (31), de Matsusaka (Mie), com pouco tempo na modalidade, participou da sua primeira maratona, a Women’s Marathon. Duas semanas antes da prova, correu uma distância maior do que estava acostumada (27km). O treino foi tranquilo, mas depois da corrida começou a sentir dores no joelho e teve que ficar sem treinar. “Tive medo de não conseguir correr. Tinha tudo para dar errado, mas deu tudo certo e foi bom demais. A gente se sente muito especial correndo no meio daquelas pessoas”, conta.
A energia da torcida foi incrível, de acordo com Emanoelle. As lágrimas depois de cruzar a linha de chegada compensaram o cansaço, a dor e o medo de fracassar. “Gostaria de deixar os meus agradecimentos aos corredores Renato Eiji Hyodo e Lilian Miyahira, veteranos do RunBRJP, que me incentivaram e aconselharam. Deram forças quando mais precisei. Sem eles eu não teria conseguido”, finalizou.
Fotos: Cedidas