Marcelo Cavalcanti ministra seminários e junto de Rafael Guimarães gradua Will Karakawa com a faixa preta

Por Alex Kinjo em 02-09-2017   Esporte


TopBR.JP – O professor de Jiu-Jitsu, Marcelo Cavalcanti, esteve no Japão na semana passada ministrando seminários no país. Proprietário e administrador das academias MCBJJ na Califórnia (EUA), ele transmitiu aos atletas um pouco da experiência adquirida ao longo de 27 anos na arte suave. Nascido e criado no Rio de Janeiro (RJ), foi aluno do Grão-mestre Carlson Gracie e dos professores Ricardo Leborio, Marcus Vinicius e também treinou com o criador da meia guarda, Roberto “Gordo” Correia, na década de 90. Chegou aos Estados Unidos em 1998, deu continuidade à modalidade e formou-se faixa preta sob a tutela do Mestre Rigan Machado em 2004, depois de muita dedicação, empenho e trabalho árduo treinando, ensinando e competindo. Hoje possui o terceiro grau pela International Brazilian Jiu-Jitsu Federation.

Os eventos tiveram três horas de muita técnica, explicações detalhadas, repetições e esclarecimento de dúvidas. Cavalcanti encerrou o último seminário de sua passagem pelo arquipélago em Yokkaichi (Mie) no domingo (27) com uma surpresa. Ele fez a entrega simbólica da faixa preta para Will Karakawa, responsável pela difusão do Parajiu-jitsu no Japão e na Ásia. A cerimônia oficial de graduação de Will acontece no domingo (3) com o professor Rafael “Magrão” Guimarães.

“Fico muito honrado em receber a faixa preta das mãos dos dois. Um ato de extrema confiança tanto do Rafael Guimarães que me formou como do Marcelo, que vem de uma linhagem tradicional e também é imigrante como nós e possui uma história de vida incrível e vitoriosa”, afirmou Will.

No discurso de entrega, Marcelo fez a seguinte declaração. “O Will não é um aluno direto meu, mas é uma pessoa que conheço e venho acománhando e avaliando faz anos. Todas as vezes que ele vai aos EUA, é na minha academia que ele fica e treina sob minha supervisão. Acho mais que justo e é a primeira vez que graduo um aluno não direto, mas por merecimento”, disse Cavalcanti, cuja amizade com Will está relatada no livro “A técnica Vence a Força… E o Amor Vence Tudo”.

Assim como Will, Cavalcanti contribui para a inserção de portadores de necessidades especiais na arte suave. Ele foi criador do programa de Jiu-Jitsu para o Braille Institute orientando deficientes visuais.

O recebimento da faixa preta após 13 anos de dedicação ao Jiu-Jitsu é a realização da metade do sonho de Will. “Para ele se tornar completo, quero amarrar todas as faixas que usei na minha trajetória pessoal na cintura do meu filho, Kenzo, assim que ele for adquirindo o merecimento delas. Tenho todas guardadas. Azul, roxa, marrom e agora, a preta. Depois de usá-la por muito tempo, pretendo passá-la para ele e recomeçar minha caminhada no esporte”, comenta.

Fotos: Aureo Yokoyama

TRAJETÓRIA
Emocionado com a conquista, Will relembrou sua história na arte suave. Ele foi introduzido no Jiu-Jitsu por um primo faixa azul que demonstrou alguns golpes na sala de sua casa. Empolgado, procurou uma academia e começou a treinar sem pretensões. Apenas para aliviar o stress e cuidar da saúde.

Tudo mudou quando o filho Kenzo, diagnosticado com autismo, ingressou na modalidade e foi superando as limitações conquistando cada vez mais autoconfiança e autonomia. Ele se tornou o primeiro atleta mirim autista campeão panamericano e mundial de Jiu-Jitsu. “Mesmo não sendo minha fonte de renda, se tornou minha atividade prioritária. Mudou minha vida. Conheci pessoas do mundo inteiro, novas culturas e países. Sou um defensor e muito grato à essa arte marcial. Tenho o Jiu-Jitsu no meu coração e na minha alma”, salienta.

Sobre o sentimento de se tornar o mais novo black belt da comunidade, Will assegura com humidade que está muito contente. No entanto, garante que depois de tudo o que viveu nos tatames das competições e da vida, o que menos importa é a cor da fita que amarra seu kimono. “A partir do momento que decidi que o meu Jiu-Jitsu seria para ajudar as pessoas levando disciplina e amor, percebi que não precisava ser faixa preta ou vermelha para fazer isso. Precisava simplesmente fazer.  Continuarei difundindo os benefícios da arte suave, a alegria e o amor que o Jiu-Jitsu traz. Isso não é a faixa que faz e sim o próprio Jiu-Jitsu e o amor à arte”, finaliza.

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