Por Alex Kinjo em 23-03-2019 Esporte
TopBR.JP – No fim de outubro do ano passado, um acidente adiou o projeto do triatleta Roberto Ieiri de completar o Ironman 140.6, programado para 2 de março deste ano, na cidade de Taupo, na Nova Zelândia. O brasileiro, de Toyohashi (Aichi), estava indo ao encontro de amigos para mais uma rotina de treinos quando foi atropelado ao entrar num cruzamento fraturando o joelho direito e a clavícula, além de sofrer uma pequena alteração no pulmão em decorrência do impacto da batida.
Operado em 5 de novembro, ele permaneceu até o fim do ano em repouso impossibilitado de trabalhar ou treinar. “Para manter o sonho vivo, esperava chegar em dezembro movimentando o braço, mas em janeiro ainda não estava apto à nadar”, disse o esportista que retomou o treinamento em ritmo mais leve no primeiro mês do ano.
Sem conseguir girar o braço, nem levantá-lo com facilidade, vem adaptando a natação ao estilo cachorrinho. Já o joelho melhorou apesar de sentir algumas dores ao acordar quando tenta esticá-lo na cama. Podendo correr e pedalar normalmente, Roberto testou seu condicionamento físico no Duathlon de Nagaragawa (Gifu), realizado em 24 de fevereiro, onde concluiu trajeto de 5km de corrida, 30km de pedalada e mais 5km de corrida, em 1h44min. ficando satisfeito com seu desempenho.
“Quando planejei me inscrever no Iroman, minha irmã que mora lá, marcou seu casamento para uma data próxima para que eu pudesse participar da cerimônia. No dia 25, eu senti que tinha condições de viajar e ao menos torcer pelos meus colegas da escola de triathlon que disputariam a competição. Já que não podia competir, tracei como meta atravessar a ilha norte da Nova Zelândia de bicicleta”, explicou.
Roberto desembarcou em Auckland (ilha norte) no dia 26 e iniciou sua jornada no dia seguinte. Em três dias (27, 28 e 1º), ele percorreu 400km até a cidade de Taupo, que sediaria o Ironman. No percurso com estradas repletas de pedregulhos, teve dois pneus rasgados e uma roda entortada. Dormiu dois dias acampado e pernoitou o terceiro num hostel. “No dia 1º me encontrei com a turma da academia, jantamos juntos, conversamos bastante e os acompanhei no dia 2 inteiro torcendo nas provas. O último do grupo completou com o tempo de 14 horas. Foi bem desgastante”, relatou.
Em 3 de março, Ieiri retomou sua viagem descendo mais 425km até a cidade de Bleihem, situada na ilha sul do país, onde reside a irmã que se casaria no dia 10. Durante o trajeto, dormiu em duas casas de famílias com ciclistas que hospedam pessoas com o mesmo hobby e também em hotéis. Roberto chegou no dia 7 a tempo de descansar e ajudar nos preparativos da cerimônia. Tudo ocorreu como o planejado e com a sorte ao seu lado.
Ao todo foram oito dias de pedalada em contato com a natureza meditando sobre a vida e contemplando as belezas e maravilhas locais com um dia de pausa na cidade de Taupo. “O tempo colaborou em toda a viagem. Só peguei uma chuva fina e fraca no último dia”, afirmou o triatleta que levou 10kg de bagagem somente com o básico: duas camisetas, três cuecas, duas bermudas, um chinelo, uma capa de chuva, uma toalha, escova de dente, desodorante, sabonete, ferramentas, remédios e saco de dormir.
RECOMEÇO
Depois do acidente, Roberto revelou que está encarando tudo como um recomeço e encarando os desafios com outros olhos. Ele está reaprendendo a nadar e marcou seu primeiro triathlon olímpico (1,5km de natação, 40km de ciclismo e 10km de corrida) para junho. Revelou que sente um certo receio ao pedalar nas ruas e avança ao sinal verde com muita cautela devido ao trauma recente que enfrentou. Aos poucos vai se soltando e readquirindo confiança ao percorrer áreas de muito trânsito.
“Não fico mais preso em datas, mas continuo com meu objetivo. Durante os oito dias de jornada, tive a convicção de que tudo o que tiver que acontecer, vai acontecer, mas no momento certo. Só preciso ter paciência. Passei por um acidente que poderia ter sido mais grave e eu agradeci por estar lá com saúde, fazendo o que eu gosto, feliz e apreciando tudo aquilo que a vida estava me proporcionando”, refletiu.
Na fase de recuperação, Ieiri ganhou 10kg e foi retomando a forma física com o apoio do nutricionista Cristian Ueti que ajustou sua dieta e de Allan, da Saúde & Sabor, que lhe fornece marmitas saudáveis. Ele também teve o incentivo dos companheiros e direção da escola de triathlon Team 58 e de Shiratani da loja Country Morning que contribuiu para adaptar sua bicicleta.
“Surgiu esse obstáculo na minha frente tentando me impedir de realizar meu sonho, mas pude superar e realizá-lo. Não foi da forma como havia planejado, mas consegui. Aprendi que tudo tem o seu tempo e que se você tem um sonho, digo: corra atrás que se você realmente quiser, você consegue”, encorajou.
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