Por TopBr em 11-08-2019 Destaque
TopBR.JP – Quando se fala em Japão, o Monte Fuji vem à memória como um dos principais cartões postais do país. Quase uma visita obrigatória para quem tem a oportunidade de viajar ou residir no arquipélago. Quem escala pela primeira ou pela enésima vez admite que cada subida é diferente e que o nascer do sol no pico da montanha recompensa todo o sacrifício.
No sábado (3), quatro amigas brasileiras de Aichi e Shizuoka encararam o desafio. Suely Hocihara, de Toyokawa (Aichi), que subiria a montanha pela 13ª vez convidou as amigas Akemi, de Toyohashi (Aichi), Rose, de Hamamatsu (Shizuoka) e Patrícia (Toyohashi) para acompanhá-la em sua última escalada até o topo.
Com artrite no joelho, decidiu que neste ano encerra seu ciclo. “É a última vez que faço o percurso completo. Futuramente posso ir até a quinta parada ou outro ponto acompanhando amigos, mas até o cume não dá mais. O joelho não permite”, afirmou Suely que subiu pela primeira vez em 1997.
Experiente na montanha, aconselhou o grupo com dicas importantes para o percurso. (Confira no vídeo). “Já peguei o Fuji de todas as maneiras. Chuva, tempestade, céu estrelado, em grupo, sozinha. Sempre subi às 20h, via o nascer do sol às 5h, andava por lá e descia. Dessa vez, programei em 12 horas para subir devagar com calma. O planejamento era começar a escalada às 6h para chegar entre 17h e 18h aproximadamente lá em cima, dormir no alojamento e apreciar o nascer do sol tranquilamente”, relatou.
Suely e Akemi trabalharam até a noite de sexta-feira (2), e com os afazeres do cotidiano viajaram sem dormir. O cansaço não foi empecilho, pois caminharam devagar admirando a paisagem. As conversas recheadas de gargalhadas e risadas ajudaram a gastar o tempo despistando o sono e as dores. Durante o trajeto, Suely fazia pausas, alongava o corpo e continuava.
Ao chegar no alojamento (pago) para descansar e dormir, o que deveria ser um alívio virou pesadelo.”Quando chegamos lá, estávamos sem dormir por 36 horas. Ficamos no sótão, teto baixo, quente e abafado com uns 42 graus centígrados. Era gente entrando e saindo toda hora, barulho de conversa, abre e fecha de mochila, gente roncando um ao lado do outro. Tivemos uma noite péssima”, desabafou Suely.
“Minha cabeça estava latejando, meu ombro pesado e me perguntava como iria descer o Fuji. Em 12 anos nunca tive problemas. Nos arrependemos de pagar 9 mil ienes por uma noite mal dormida”, complementou.
Ao sair da cabana para esperar pelo por do sol e caminhar pela cratera no topo da montanha, veio a surpresa. A temperatura estava em 4 graus e ao entrar em contato direto com o vento e sentir a brisa no rosto, as dores, o cansaço físico e mental deram lugar à alegria e o sentimento de felicidade. “O Fuji é um lugar que me traz muita paz, energia boa e coisas positivas. Volto de lá recarregada. Eu, que sempre ajudei as pessoas por lá, neste ano fui ajudada. Agradeço à Akemi que foi uma companheira, uma irmã, um anjo, me acompanhando, me dando força. Essa experiência me marcou bastante”.
Patrícia era mais preparada. Faz trilha, pratica caminhada e academia. Não sentiu dificuldades e desfrutou de cada momento. Rose estava muito feliz. Em 28 anos de Japão, nunca teve a oportunidadede subir e se sentiu realizada e muito agradecida com as amigas.
“Era um sonho que eu tinha que vinha sendo adiado. Sou sedentária e para mim era um desafio muito grande. Sempre ouvi casos de pessoas que desistiam no meio do caminho e retornavam. Foi no sufoco mesmo. O coração disparou e me senti numa aventura com vitória pessoal no final. Quando viram minhas fotos nas redes sociais, ninguém acreditou. Ficou marcado e jamais vou esquecer em toda minha vida”, descreveu Rose.
Suely, por sua vez, a partir de agora vai priorizar o tratamento do joelho antes de ir em busca de um novo desafio. “As 12 vezes que subi passaram pela minha cabeça. Foi tudo tão emocionante que posso dizer que fechei meu ciclo com chave de ouro”, finalizou.